NOME: Emmanuel Pagani
NOME
DESPORTIVO: Manolo Pagani
CURSO
TREINADOR FUTSAL: Universidade Gama e Filho –
São Paulo - Brasil
ANOS COMO
TREINADOR: 3 anos
CLUBES QUE
TREINOU: D'Martin FC (Colômbia), SC
Farense
CLUBES COMO
ATLETA: Casa do Benfica de Loulé,
Loulé Gare, Louletano, Gd Atalaia, Casa do FC Porto de Quarteira
CLUBE ACTUAL:
SC Farense
IDADE: 30 anos
No seu ano de estreia ao comando de uma equipa Algarvia, depois de ter orientado a equipa D'MARTIN F.C na Colômbia, Manolo Pagani não poderia ter melhor começo. Sagrou-se campeão distrital à frente dos destinos do SC Farense, clube que voltou à modalidade e subida à 3ª. Divisão Nacional.
Luis Barradas- No ano de
estreia como treinador e no regresso do SC Farense à modalidade, podemos dizer
que foi fantástico este “casamento”?
Manolo
Pagani- Sinto-me
lisonjeado de fazer parte deste projecto recente do SC farense.
LB- Nunca é fácil assumir
uma equipa a meio de uma época, mas acabou por resultar. Como surgiu o convite
para treinar o SC Farense?
MP- O convite foi uma grande
surpresa, estava na Suíça a passar as férias de Natal, quando o vice-presidente
do Farense Eng.º. João Valério me ligou para reunir com o chefe do departamento
do futsal Rui Iria. Mas na verdade já tinha sido sondado em Abril de 2012 e
tudo indicava para ser o treinador desde o principio da época 2012/2013, mas o
director técnico na altura achou melhor a escolha de outro treinador que aos
olhos dele dava mais condições de atingir os objectivos do clube. Por isso a
minha ida para o Farense foi fácil porque já estava referenciado.
LB- Acredito que não foi
um trabalho fácil, até mesmo para os atletas, terem que assimilar novos métodos
de treino ou sistema de jogo, quais as maiores dificuldades sentidas neste projecto?
MP- É um risco muito grande
aceitar convites na metade do campeonato, quando não se sabe se os jogadores
(no qual não escolhi) irão assimilar bem o modelo de jogo implantado, um risco
que não acontece quando o treinador principia a época onde as contratações vão
de encontro com a metodologia de treino e modelo de jogo que iremos aplicar.
Foi muito positivo e fiquei surpreendido com o progresso dos jogadores,
absorveram com rapidez.
LB- O SC Farense é um
clube histórico no futebol Português, no entanto no futsal, apesar de já ter
estado na modalidade ainda é um projecto jovem, para o clube que importância
teve este ano desportivo?
MP- Na primeira reunião que
tive com a direcção do futsal no meu primeiro dia no Farense, foi posto uma
meta à equipa técnica que se a secção de futsal não subisse iriam terminar com
a equipa de futsal, então foi muito importante o sucesso este ano desportivo
para a continuidade da equipa de futsal. Para o futsal algarvio creio que
precisa muito do Sporting Clube Farense para a divulgação da modalidade pois
levávamos muitos farenses ao pavilhão.
LB- A equipa de Futsal do
SCF, sentiu necessidade de agradecer aos seus adeptos, mais propriamente aos South Side Boys, que estiveram presentes nos momentos chave da época,
esses laços entre os adeptos e a equipa de futsal são importantes para o grupo
de trabalho?
LB- Este é um projecto
autónomo (futsal) ou é um projecto com o apoio da direcção do SCF?
MP- Este projecto começou com
o apoio 100% do presidente António Barão, e que aos poucos foi criando
independência e autonomia própria, na próxima época o Farense futsal terá um patrocinador
da Inglaterra o que facilita que a secção de futsal seja autónoma e esse é o
caminho certo para um clube de emblema. A meu ver os clubes de futsal que
dependem da direcção do futebol não têm muito sucesso, e vemos o caso do Académica
de Coimbra.
LB- Neste arranque do
Futsal do SCF apostaram numa equipa sénior, mas está previsto existirem equipas
de formação? Que importância para ti tem a formação num clube?
MP- É muito importante um
clube ter formação de futsal, é o que dá vida ao clube. Se formos ver com a
crise que atravessamos muitos clubes de futsal e futebol que já não têm verbas
para manter jogadores de nível tiveram que agarrar-se a jogadores que vêm da
formação. É barato apostar na formação e com uma metodologia bem definida
pode-se fabricar bons jogadores e aproveitar muitos jovens que infelizmente
perdem-se na transição de juniores para seniores. Está nos meus planos fazer
formação.
LB- Os campeonatos este
ano tiveram um formato diferente do habitual, com a integração dos Play-Offs
que análise fazes a este formato?
MP- Finalmente tivemos um
campeonato com os mesmos moldes que a 1ª divisão nacional. A AF Algarve está de
parabéns por alterar o formato do campeonato trouxe a todos os amantes do
futsal distrital mais emoção. O interessante deste formato é que todas as
equipas nos play Offs desde a Atalaia (8º lugar) até à Casa do Benfica (1º
lugar) todos acreditavam que poderiam chegar à final, estava ao alcance de
todos. Isso fez com que os jogos fossem mais difíceis, relembro por exemplo nos
quartos finais, a dificuldade que nós tivemos em ultrapassar a Gejupce, no qual
tanto o Farense como a Gejupce mereciam ter passado à fase seguinte. O jogo
entre o Boliqueime e o Pechão, penúltimo e segundo classificado teve de ser
decidido em 3 jogos e foram muito disputados. Foi muito positivo esse formato
de campeonato, tenho pena de não haver mais equipas, o ideal seria 12 porque na
fase regular haveria mais competição para apurar entre os 8 primeiros.
Acho que há sempre espaço para melhorias, no meu ponto de vista as
equipas algarvias que chegam à 3ª nacional vão com uma grande desvantagem, vem
de um campeonato com poucos jogos, ficam muito tempo sem jogos oficiais (de
Abril até finais de Setembro). É com tristeza que as 2 equipas algarvias que
subiram a 3ª divisão na época passada desceram este ano. E vemos o Fonsecas e Calcada
que veio da distrital de Lisboa a subir no primeiro ano (2ª divisão). A ideia
que deixo é fazer como na maioria dos países Sul Americanos fazem (a excepção
do Brasil porque tem um campeonato longo) que é 2 campeonatos em uma época,
dividido no I semestre e II semestre. Os campeões dos respectivos semestres
jogam a finalíssima para disputar o acesso à copa libertadores. Se tivéssemos 2
campeonatos com o mesmo formato que houve este ano, no meu ponto de vista seria
muito bom para o futsal algarvio.
LB- Jogaste futsal
durante vários anos, que diferenças vês no atleta de hoje?
MP- A geração de hoje em dia
tem muita sorte porque há mais informação para os treinadores do que antigamente,
lembro-me quando jogava na Casa do Benfica que nessa geração havia o Cary, o
Paulinho que jogava na Gejupce, não havia métodos tácticos, a equipa que
ganhava era aquela que possuía jogadores técnicos e que a qualquer momento
definiam o resultado, era divertido e lembro que foi dos melhores anos na minha
vida. Treinávamos ao ar livre então quando chovia não havia treinos e
sinceramente eu ficava chateado.
Os atletas de hoje em dia parece que já não se divertem tanto a
jogar, valorizam mais as noitadas e bebedeiras. Ser jogador é um estilo de
vida, ter uma alimentação saudável, repousar bem, enfim há uma serie de coisas
que deveriam valorizar, há muito talento que se perde porque ficam à espera de
ser profissionais para mudar seus hábitos, mas aí pode ser tarde demais.
LB- Existem muitos
críticos ao estado actual do futsal algarvio, à falta de qualidade das equipas,
aos seus sistemas de jogo e sua organização. Que opinião tens sobre esta
realidade?
MP- Realmente o estado do
futsal algarvio não está muito famoso, o nível desceu muito lembro-me que por volta
de 2005/2006 e até um pouco antes, haviam grandes treinadores, tínhamos o Sr.
Rui Morais no Louletano, o Xabregas na Universidade do Algarve, o Juliano no S.
Pedro e outros que davam ao futsal algarvio um bonito espectáculo, mas atras de
um bonito espectáculo está a periodização e organização dos treinos. Agora o
que esses treinadores tinham e que nós não temos? Talvez tenham mais paixão e
dedicação pelo futsal, vontade de aprender e procurar sempre algo novo não se
contentarem sempre com o mesmo sistema de jogo, evoluir é o que acho que
deveríamos nós treinadores fazer (inclusive eu), não nos acomodarmos. Mas por
outro lado a falta de cursos de treinador pode influenciar um pouco na falta de
qualidade das equipas, mas não é desculpa porque existe muita informação na
internet.
LB- Acredito que já
tenhas começado a preparar a próxima época, e como as exigências de uma 3ª. Divisão
Nacional são bem diferentes, que mudanças podemos esperar no próximo ano do SC
Farense?
MP- O SC Farense está a
organizar a estrutura directiva, este ano houve um pouco de desorganização o
que é normal em qualquer clube de primeiro ano, agora é aprender, corrigir e
tentar fazer melhor este ano. A nível de jogadores ficará uma grande parte do
plantel, os jogadores que vêm de fora têm de ser melhores do que os que estão
aqui e com experiência no nacional.
LB- Os campeonatos
nacionais vão ter uma reorganização, com a extinção das 3ª. divisões nacionais
(na próxima época é o ultimo ano) o
que representa a descida de 11 clubes aos campeonatos distritais no ano
seguinte, subindo apenas 3 clubes à 2ª. divisão nacional. O Algarve terá 3
clubes a disputar a 3ª. Divisão Nacional, Louletano (3º classificado ficou a 1 ponto da subida à 2ª. Divisão Nacional),
Sonâmbulos (6º classificado – igualou a
melhor classificação de sempre) e o SC Farense (Campeão Algarvio). Será um ano de risco elevado para os clubes
Algarvios, que análise fazes a este cenário?
MP- É sem duvida um cenário
difícil, que nos dá pouca margem de erros, será gratificante jogar contra
treinadores experientes como o Xabregas e o John Contreiras. Espero aprender e
crescer jogo a jogo, mas o campeonato não é só Louletano e Sonâmbulos, há
outras equipas que têm muita experiência no nacional, e sem dúvida que as
equipas de Lisboa irão reforçar-se e apostar na subida. A 3ª divisão será um
campeonato onde terá 14 equipas a lutar para os 3 primeiros lugares já não vai
haver equipas a lutar pela manutenção por isso prevejo um campeonato super
competitivo onde em cada jogo nunca se saberá quem sairá vencedor, estou super
motivado.
LB- Quais os objectivos
do SCF para a próxima época?
MP- O SC Farense é um clube
que em qualquer escalão e modalidade tem como objectivo sempre a luta pelo
primeiro lugar, é uma cultura vencedora que o presidente incute nos treinadores
e jogadores o que é muito positivo. Por isso o objectivo traçado é sem dúvida
estar na 2ª liga na próxima época.
LB- Que mensagem queres
deixar aos adeptos do clube?
MP- Que continuem a apoiar a
equipa como têm vindo a apoiar, porque este ano sem dúvida haverá bons jogos no
pavilhão SC Farense.
LB- E o treinador Pagani
que sonhos tem?
MP- Tenho um sonho um
objectivo de estar num mundial de futsal à frente de uma selecção. Espero que
seja no próximo mundial em 2016 na Colômbia, seria mais especial.
É gratificante ser entrevistado por ti e por este blog tão
importante na divulgação do futsal algarvio, parabéns e muito obrigado.
Agradeço uma vez mais a tua disponibilidade.
Luis Coutinho Barradas
(fotos enviados pelo treinador Pagani)
(fotos enviados pelo treinador Pagani)