quarta-feira, 5 de junho de 2013

PAGANI - Treinador SC Farense - Campeão Distrital


NOME: Emmanuel Pagani
NOME DESPORTIVO: Manolo Pagani
CURSO TREINADOR FUTSAL: Universidade Gama e Filho – São Paulo - Brasil
ANOS COMO TREINADOR: 3 anos
CLUBES QUE TREINOU: D'Martin FC (Colômbia), SC Farense
CLUBES COMO ATLETA: Casa do Benfica de Loulé, Loulé Gare, Louletano, Gd Atalaia, Casa do FC Porto de Quarteira
CLUBE ACTUAL: SC Farense
IDADE: 30 anos


No seu ano de estreia ao comando de uma equipa Algarvia, depois de ter orientado a equipa D'MARTIN F.C na Colômbia, Manolo Pagani não poderia ter melhor começo. Sagrou-se campeão distrital à frente dos destinos do SC Farense, clube que voltou à modalidade e subida à 3ª. Divisão Nacional.



Luis Barradas- No ano de estreia como treinador e no regresso do SC Farense à modalidade, podemos dizer que foi fantástico este “casamento”?

Manolo Pagani- Sinto-me lisonjeado de fazer parte deste projecto recente do SC farense.


LB- Nunca é fácil assumir uma equipa a meio de uma época, mas acabou por resultar. Como surgiu o convite para treinar o SC Farense?

MP- O convite foi uma grande surpresa, estava na Suíça a passar as férias de Natal, quando o vice-presidente do Farense Eng.º. João Valério me ligou para reunir com o chefe do departamento do futsal Rui Iria. Mas na verdade já tinha sido sondado em Abril de 2012 e tudo indicava para ser o treinador desde o principio da época 2012/2013, mas o director técnico na altura achou melhor a escolha de outro treinador que aos olhos dele dava mais condições de atingir os objectivos do clube. Por isso a minha ida para o Farense foi fácil porque já estava referenciado.


LB- Acredito que não foi um trabalho fácil, até mesmo para os atletas, terem que assimilar novos métodos de treino ou sistema de jogo, quais as maiores dificuldades sentidas neste projecto?

MP- É um risco muito grande aceitar convites na metade do campeonato, quando não se sabe se os jogadores (no qual não escolhi) irão assimilar bem o modelo de jogo implantado, um risco que não acontece quando o treinador principia a época onde as contratações vão de encontro com a metodologia de treino e modelo de jogo que iremos aplicar. Foi muito positivo e fiquei surpreendido com o progresso dos jogadores, absorveram com rapidez.


LB- O SC Farense é um clube histórico no futebol Português, no entanto no futsal, apesar de já ter estado na modalidade ainda é um projecto jovem, para o clube que importância teve este ano desportivo?

MP- Na primeira reunião que tive com a direcção do futsal no meu primeiro dia no Farense, foi posto uma meta à equipa técnica que se a secção de futsal não subisse iriam terminar com a equipa de futsal, então foi muito importante o sucesso este ano desportivo para a continuidade da equipa de futsal. Para o futsal algarvio creio que precisa muito do Sporting Clube Farense para a divulgação da modalidade pois levávamos muitos farenses ao pavilhão.
 


LB- A equipa de Futsal do SCF, sentiu necessidade de agradecer aos seus adeptos, mais propriamente aos South Side Boys, que estiveram presentes nos momentos chave da época, esses laços entre os adeptos e a equipa de futsal são importantes para o grupo de trabalho?

MP- Sem dúvida, o South Side Boys e a todos os apoiantes foram o sexto elemento em campo e foram muito importantes na parte final do campeonato o apoio da massa associativa. Porque havia jogos e momentos de jogo em que a equipa tinha a tendência de ir a baixo onde tinha menos volume de jogo e ver todos os adeptos puxando pela equipa motivava muito os jogadores, proporcionaram um lindo ambiente em que só se vê na 1ª divisão.


LB- Este é um projecto autónomo (futsal) ou é um projecto com o apoio da direcção do SCF?

MP- Este projecto começou com o apoio 100% do presidente António Barão, e que aos poucos foi criando independência e autonomia própria, na próxima época o Farense futsal terá um patrocinador da Inglaterra o que facilita que a secção de futsal seja autónoma e esse é o caminho certo para um clube de emblema. A meu ver os clubes de futsal que dependem da direcção do futebol não têm muito sucesso, e vemos o caso do Académica de Coimbra.


LB- Neste arranque do Futsal do SCF apostaram numa equipa sénior, mas está previsto existirem equipas de formação? Que importância para ti tem a formação num clube?

MP- É muito importante um clube ter formação de futsal, é o que dá vida ao clube. Se formos ver com a crise que atravessamos muitos clubes de futsal e futebol que já não têm verbas para manter jogadores de nível tiveram que agarrar-se a jogadores que vêm da formação. É barato apostar na formação e com uma metodologia bem definida pode-se fabricar bons jogadores e aproveitar muitos jovens que infelizmente perdem-se na transição de juniores para seniores. Está nos meus planos fazer formação.


LB- Os campeonatos este ano tiveram um formato diferente do habitual, com a integração dos Play-Offs que análise fazes a este formato?

MP- Finalmente tivemos um campeonato com os mesmos moldes que a 1ª divisão nacional. A AF Algarve está de parabéns por alterar o formato do campeonato trouxe a todos os amantes do futsal distrital mais emoção. O interessante deste formato é que todas as equipas nos play Offs desde a Atalaia (8º lugar) até à Casa do Benfica (1º lugar) todos acreditavam que poderiam chegar à final, estava ao alcance de todos. Isso fez com que os jogos fossem mais difíceis, relembro por exemplo nos quartos finais, a dificuldade que nós tivemos em ultrapassar a Gejupce, no qual tanto o Farense como a Gejupce mereciam ter passado à fase seguinte. O jogo entre o Boliqueime e o Pechão, penúltimo e segundo classificado teve de ser decidido em 3 jogos e foram muito disputados. Foi muito positivo esse formato de campeonato, tenho pena de não haver mais equipas, o ideal seria 12 porque na fase regular haveria mais competição para apurar entre os 8 primeiros.
Acho que há sempre espaço para melhorias, no meu ponto de vista as equipas algarvias que chegam à 3ª nacional vão com uma grande desvantagem, vem de um campeonato com poucos jogos, ficam muito tempo sem jogos oficiais (de Abril até finais de Setembro). É com tristeza que as 2 equipas algarvias que subiram a 3ª divisão na época passada desceram este ano. E vemos o Fonsecas e Calcada que veio da distrital de Lisboa a subir no primeiro ano (2ª divisão). A ideia que deixo é fazer como na maioria dos países Sul Americanos fazem (a excepção do Brasil porque tem um campeonato longo) que é 2 campeonatos em uma época, dividido no I semestre e II semestre. Os campeões dos respectivos semestres jogam a finalíssima para disputar o acesso à copa libertadores. Se tivéssemos 2 campeonatos com o mesmo formato que houve este ano, no meu ponto de vista seria muito bom para o futsal algarvio.


LB- Jogaste futsal durante vários anos, que diferenças vês no atleta de hoje?

MP- A geração de hoje em dia tem muita sorte porque há mais informação para os treinadores do que antigamente, lembro-me quando jogava na Casa do Benfica que nessa geração havia o Cary, o Paulinho que jogava na Gejupce, não havia métodos tácticos, a equipa que ganhava era aquela que possuía jogadores técnicos e que a qualquer momento definiam o resultado, era divertido e lembro que foi dos melhores anos na minha vida. Treinávamos ao ar livre então quando chovia não havia treinos e sinceramente eu ficava chateado.
Os atletas de hoje em dia parece que já não se divertem tanto a jogar, valorizam mais as noitadas e bebedeiras. Ser jogador é um estilo de vida, ter uma alimentação saudável, repousar bem, enfim há uma serie de coisas que deveriam valorizar, há muito talento que se perde porque ficam à espera de ser profissionais para mudar seus hábitos, mas aí pode ser tarde demais.


LB- Existem muitos críticos ao estado actual do futsal algarvio, à falta de qualidade das equipas, aos seus sistemas de jogo e sua organização. Que opinião tens sobre esta realidade?

MP- Realmente o estado do futsal algarvio não está muito famoso, o nível desceu muito lembro-me que por volta de 2005/2006 e até um pouco antes, haviam grandes treinadores, tínhamos o Sr. Rui Morais no Louletano, o Xabregas na Universidade do Algarve, o Juliano no S. Pedro e outros que davam ao futsal algarvio um bonito espectáculo, mas atras de um bonito espectáculo está a periodização e organização dos treinos. Agora o que esses treinadores tinham e que nós não temos? Talvez tenham mais paixão e dedicação pelo futsal, vontade de aprender e procurar sempre algo novo não se contentarem sempre com o mesmo sistema de jogo, evoluir é o que acho que deveríamos nós treinadores fazer (inclusive eu), não nos acomodarmos. Mas por outro lado a falta de cursos de treinador pode influenciar um pouco na falta de qualidade das equipas, mas não é desculpa porque existe muita informação na internet.


LB- Acredito que já tenhas começado a preparar a próxima época, e como as exigências de uma 3ª. Divisão Nacional são bem diferentes, que mudanças podemos esperar no próximo ano do SC Farense?

MP- O SC Farense está a organizar a estrutura directiva, este ano houve um pouco de desorganização o que é normal em qualquer clube de primeiro ano, agora é aprender, corrigir e tentar fazer melhor este ano. A nível de jogadores ficará uma grande parte do plantel, os jogadores que vêm de fora têm de ser melhores do que os que estão aqui e com experiência no nacional.


LB- Os campeonatos nacionais vão ter uma reorganização, com a extinção das 3ª. divisões nacionais (na próxima época é o ultimo ano) o que representa a descida de 11 clubes aos campeonatos distritais no ano seguinte, subindo apenas 3 clubes à 2ª. divisão nacional. O Algarve terá 3 clubes a disputar a 3ª. Divisão Nacional, Louletano (3º classificado ficou a 1 ponto da subida à 2ª. Divisão Nacional), Sonâmbulos (6º classificado – igualou a melhor classificação de sempre) e o SC Farense (Campeão Algarvio). Será um ano de risco elevado para os clubes Algarvios, que análise fazes a este cenário?

MP- É sem duvida um cenário difícil, que nos dá pouca margem de erros, será gratificante jogar contra treinadores experientes como o Xabregas e o John Contreiras. Espero aprender e crescer jogo a jogo, mas o campeonato não é só Louletano e Sonâmbulos, há outras equipas que têm muita experiência no nacional, e sem dúvida que as equipas de Lisboa irão reforçar-se e apostar na subida. A 3ª divisão será um campeonato onde terá 14 equipas a lutar para os 3 primeiros lugares já não vai haver equipas a lutar pela manutenção por isso prevejo um campeonato super competitivo onde em cada jogo nunca se saberá quem sairá vencedor, estou super motivado.


LB- Quais os objectivos do SCF para a próxima época?

MP- O SC Farense é um clube que em qualquer escalão e modalidade tem como objectivo sempre a luta pelo primeiro lugar, é uma cultura vencedora que o presidente incute nos treinadores e jogadores o que é muito positivo. Por isso o objectivo traçado é sem dúvida estar na 2ª liga na próxima época.



LB- Que mensagem queres deixar aos adeptos do clube?

MP- Que continuem a apoiar a equipa como têm vindo a apoiar, porque este ano sem dúvida haverá bons jogos no pavilhão SC Farense.


LB- E o treinador Pagani que sonhos tem?

MP- Tenho um sonho um objectivo de estar num mundial de futsal à frente de uma selecção. Espero que seja no próximo mundial em 2016 na Colômbia, seria mais especial.

É gratificante ser entrevistado por ti e por este blog tão importante na divulgação do futsal algarvio, parabéns e muito obrigado.


Agradeço uma vez mais a tua disponibilidade.
Luis Coutinho Barradas

(fotos enviados pelo treinador Pagani)