NOME: John
E. Contreiras
CURSO TREINADOR FUTSAL: Nível
1
ANOS COMO TREINADOR: 6
anos (Futsal) 3 anos (futebol)
CLUBES QUE TREINOU: Louletano
DC (Futebol e Futsal), C.P Messines
CLUBES COMO ATLETA: Louletano
DC, JS Campinense, Madeira FC (Austrália), Casa do Benfica de
Sydney (Austrália)
CLUBE ACTUAL: Louletano
DC
IDADE: 43 Anos
Numa das equipas mais experientes do Algarve, John
Contreiras fez uma época de grande qualidade, chegou às meias-finais da Taça do
Algarve, 3º lugar no campeonato da 3ª. Divisão.
Luis Barradas- A equipa do Louletano é reconhecidamente
uma das mais experientes e com atletas de grande qualidade, como é trabalhar
com estes atletas?
John
Contreiras- Boas
Luís, em primeiro lugar quero agradecer-te por ser um dos teus eleitos para
esta excelente iniciativa, voltando a tua pergunta, trabalhar com este grupo de
jogadores é extremamente gratificante em todas as vertentes, é um grupo como
dizes e bem muito experiente, e de uma qualidade "invejável".
Este plantel 2012-2013,
destaca-se por uma inesgotável capacidade e aptidão para o trabalho e isso sem dúvida
que é um desafio exigente para qualquer treinador.
Devo dizer-te que também devo esta
época a todos os treinadores que no passado trabalharam e formaram todos eles,
pois torna-se mais fácil de assimilar os nossos conceitos quando se conhece bem
o jogo e os seus fundamentos.
Se tivemos casos e problemas? Sem dúvida
que sim, mas o mais importante foi a capacidade de os resolver no seio do grupo
com muita responsabilidade e transparência, desse modo, cada um desses
problemas ou casos tornaram-se em alicerces que nos ajudaram a superar todos ou
quase todos os desafios.
Os meus Jogadores foram os
principais obreiros da excelente época que realizamos.
LB- O
Louletano assumiu claramente que o grande objectivo da época era estar entre os
2 primeiros lugares que dariam acesso à 2ª. Divisão Nacional, e ficou a 1 ponto
desse objectivo (esteve
nesse lugar até à 22ª. jornada)
o que falhou/faltou para esse sonho?
JC- A
aposta da direcção do clube e o objectivo que me foi pedido era em primeiro lugar,
a manutenção da equipa na terceira Divisão Nacional e se
possível obter a mesma classificação do ano anterior (quinto
lugar), como deves saber houve um corte substancial do orçamento para esta
época, logo uma subida nunca esteve equacionada, mas confesso que o objectivo
dos primeiros dois lugares foi crescendo ao longo do ano no seio do grupo com
toda a legitimidade, mas infelizmente não foi possível.
Gostaria ainda de referir que, foi
para nós um orgulho atingir a marca dos 55 pontos, penso que para além da
equipa do Fontainhas (agora Albufeira
Futsal) há quase 10 anos, esta foi a equipa que mais pontuou em
campeonatos nacionais, outro facto importante foi ser a equipa menos batida de
todos os campeonatos nacionais, logo a seguir aos profissionais do Sporting e
do Benfica, isto passa ao lado de muita gente, mas para mim e para os meus
atletas é sem dúvida um motivo de enorme satisfação.
O que faltou...? ...um ponto
apenas.
Se me deixassem repetir um ou dois
jogos.., garanto que subia fácil, logo só tenho que assumir inteira
responsabilidade por não o ter alcançado.
LB- A
partir da próxima época os campeonatos nacionais vão ter uma reorganização, com
a extinção das 3ªs. Divisões Nacionais o que representa a descida de 11 clubes
aos campeonatos distritais no ano seguinte, subindo apenas 3 clubes à 2ª.
Divisão Nacional. Com a experiência que tens de Campeonatos Nacionais com que
perspectivas vês a próxima época?
JC-
Estou muito céptico em relação a reestruturação dos quadros competitivos Luís,
temos que ser muito coerentes e realistas nesta análise.
Quantas equipas do Algarve
conseguiram os primeiros três lugares nos últimos anos? Todos sabemos a
resposta.
Sabemos ainda que os nossos
campeões distritais vão e voltam ao invés das equipas de Lisboa que vão e ainda
sobem para a segunda divisão logo no primeiro ano de nacional.
Na próxima época vamos ter um
autêntico baile da cadeira com oito ou nove favoritos para três lugares, vai
ser sem dúvida muito difícil para o Algarve conseguir um bilhete para a segunda
divisão nacional, espero no entanto estar enganado.
Se Louletano, Sonâmbulos e Farense
conseguirem os três lugares da frente, muito bem, caso contrário podemos
assistir à representação do Algarve em campeonatos nacionais resumir-se ao
Albufeira Futsal, mas pelos vistos sou dos poucos a ter esta visão.
Nunca senti qualquer falta de
competitividade quer na 2ª divisão, quer na terceira, antes pelo contrário.
LB- Para
quem gosta de desporto, quando pensa em Loulé é normal que associe o Louletano,
mas quando nos deslocamos ao Pavilhão Municipal de Loulé (um pavilhão de grande qualidade) é desolador vermos as
bancadas vazias, em tua opinião porquê o divórcio dos “Louletanos” com a sua
equipa de futsal?
JC-
Ninguém se pode divorciar sem estar casado... Ouve
aqui e ali uniões de facto, misturadas com adultério entre outras coisas...
Sabes e falámos
nisto à pouco tempo, o quanto me entristece ver pouco mais de 20 pessoas a
assistir a um jogo de futsal nacional em Loulé, razão para isso? Na minha
opinião as mais variadas, desde o concelho albergar três equipas
de futsal (excessivo quanto a mim), em Loulé conselho convive-se muito mal
com o sucesso do vizinho e o Louletano futsal tem sido alvo de muitas
frustrações desportivas e até mesmo sociais.
Gostaria no entanto de ver mais
gente neste pavilhão, independentemente daquilo que motiva essas presenças.
Eu estive cá no ano em que
descemos de divisão e em todos os jogos tínhamos muita gente...
Na parte final então, já com a corda no pescoço a afluência era
maior que nesta época, facilmente retiramos as nossas ilações.
Este ano até às
primeiras quatro ou cinco jornadas ainda estava composto (pavilhão),
a partir dai ouve muitas desistências.
O gosto pela critica destrutiva
camuflada sobeja por estas bandas e não só...
Se o clube errou no passado nesta
ou naquela situação... Provavelmente sim, mas quem não o
fez? O passado deve ser passado e nunca o presente e muito menos o futuro.
Espero como homem de fé que sou,
que essa reconciliação aconteça já no próximo ano, para a boa saúde da
modalidade na cidade.
LB- A
equipa de futsal do Louletano é hoje um dos nomes fortes do futsal Algarvio em
termos de equipas seniores (este
ano tiveram 1 equipa de juniores)
que importância tem para ti a Formação num clube?
JC- A
formação tem extrema importância na sustentabilidade de qualquer projecto
desportivo, eu estive na formação do Louletano futsal no ano zero (juniores)
e mais tarde consegui formar e iniciar mais um escalão (juvenis)
embora não fosse ainda suficiente, o caminho era esse, devo dizer que não foi
fácil conseguir os patrocínios necessários para manter os dois escalões, mas
conseguimos num esforço conjunto de direcção e treinadores, onde destaco o
importante papel do César Coelho e da direcção, quando saí
de Loulé...perdi o contacto, mas acredito que também as dificuldades financeiras
que os clubes atravessam esteja na origem, do desaparecimento do escalão de
juvenis (LDC).
Sobre o futuro devo dizer-te que
vamos alterar algumas coisas já a partir da próxima época.
LB- Ao
longo de uma época um treinador passa por muitas dificuldades, que balanço
fazes desta época e qual o momento mais difícil?
JC-
É verdade, muitas mesmo, no meu caso devo dizer que foi a época e o
futsal que me ajudaram a ultrapassar todas
as dificuldades com que me deparei ao longo do ano (extra
futsal).
Os momentos mais difíceis...
Sem dúvida a eliminação na meia-final
da Taça do Algarve, O empate com o Miratejo (fora),
onde acabamos por perder o segundo lugar e mais grave deixamos de depender de
nós, houve a partir desse momento um sentimento de que, por muito que
fizéssemos poderia não ser suficiente... e
tudo fizemos e não foi.
Para mim e para o grupo cada ponto
que perdemos, foi um momento difícil, como vencemos mais vezes que perdemos ou
empatamos, logo o balanço é francamente positivo.
No meu caso específico só tenho a
agradecer ao meu plantel pela sua boa disposição carregada de “Eufemismos”,
ao meu adjunto e ao vice-presidente Dr. Jorge Aleixo, por toda a força anímica
que me conferiram para ultrapassar todos esses momentos desportivos e pessoais.
LB- Muitas
equipas queixam-se do afastamento das direcções dos clubes e em especial os
clubes mais eclécticos como é o caso do Louletano que “alberga” várias
modalidades. O futsal do Louletano também sente esse distanciamento, ou existe
de alguma forma relação de proximidade?
JC-
Estás a ver se me despedes... alguém
te pagou para me fazeres essa pergunta?
Agora a serio... toda
a direcção do Louletano teve ao longo da época uma postura motivacional e de
valorização para com a equipa de futsal, mas é pouco nós queremos mais,
queremos toda a gente que gosta do louletano no pavilhão... porque só todos bem
juntos vamos conseguir.
LB- Existem
muitos críticos ao estado actual do futsal algarvio, à falta de qualidade das
equipas, aos seus sistemas de jogo e sua organização. Que opinião tens sobre
esta realidade?
JC- Na
minha opinião houve uma evolução qualitativa das equipas algarvias
Nos últimos 5 ou 6 anos,
infelizmente a quantidade sofreu um decréscimo.
Críticas sobre sistemas de jogo
utilizados pelas equipas...? Quem não faz o fácil nunca
chegara ao complexo e devo dizer-te que se há meia dúzia de anos era pouca a
informação e a partilha de conteúdos técnico-tácticos (salvo
algumas excepções), hoje é precisamente o inverso, a informação áudio visual é
tão vasta e diversificada (ainda bem) que pode ser
prejudicial para a sanidade mental de qualquer treinador, isto faz-me lembrar
quando tinha os meus 13 ou 14 anos e vi o mundial de Espanha 82... só
queria fazer golos à Falcão (selecção
brasileira de futebol) e acabei com uma rotura de
ligamentos.
Não importa a quantidade de
sistemas e subsistemas que queremos implementar, se a mensagem não chegar bem
clara e definida ao jogador.
Eu não critico modelos de jogo,
haja humildade e não falsa modéstia.
Deixo aqui também um apelo a todos
os amantes da modalidade, a Associação (AFA)
anda a promover jornadas técnicas no sentido de melhorarmos enquanto
treinadores (também directores e jogadores), assistam, participem, ponham em
causa, questionem, mas não faltem, é desolador numa acção de formação com um
prelector mítico do futsal nacional estarem 15 ou 20 pessoas, claro depois a
culpa é da Associação (AFA), nossa nunca é...
LB- A
época terminou há poucos dias, agora é tempo de descanso, mas com um olhar na
próxima época. Que mudanças podemos esperar na equipa do Louletano?
JC-
Ainda é cedo mas equipa que ganha não se mexe
(velho ditado), o Louletano vai com certeza tentar manter “quase”
toda a equipa, com mais 3 ou 4 entradas de qualidade já
garantidas.
Como te disse no início, é uma equipa
de qualidade “”INVEJÁVEL”. Vamos fazer alguns reajustamentos
no modelo de jogo para que possamos contar com um pouco mais de sorte.
Enquanto treinador estou sempre a
aprender a cada época que passa.
LB- Quais
os objectivos do Louletano para a próxima época?
JC-
Outra vez a manutenção... Nos
nacionais.
LB- Que
mensagem queres deixar aos adeptos do clube?
JC-
Prometemos a mesma humildade e capacidade de trabalho, com o vosso
apoio seremos mais fortes.
LB- E
o treinador John que sonhos tem?
JC-
Que deus me ajude a ter força para continuar a treinar.
Obrigado Luís Barradas, pela tua
dedicação à causa “Futsal” e em especial da forma isenta como o fazes, quero
ainda deixar uma palavra de apreço a todos aqueles que de forma directa ou
indirecta contribuíram para o meu trajecto como
treinador de futsal, onde quero destacar o Nuno Xabregas, o Luís Conceição e o
não menos importante Rosa Coutinho.
Obrigado a todos.
Agradeço uma
vez mais a tua disponibilidade.
Luis
Coutinho Barradas
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